Diz a máxima que em time que está ganhando não se mexe. Mas a italiana MV Agusta contrariou o dito popular e resolveu fazer melhorias na sua emblemática naked Brutale. Não alterou as elogiadas e harmoniosas linhas do gênio do design Massimo Tamburini, porém equipou o modelo com um novo e moderno motor de 1078 cm³, além de algumas alterações nas suspensões e freios. Assim nasceu a Brutale 1090RR em 2010, como uma das mais radicais nakeds do mundo.
Para sorte de nós brasileiros, a 1090RR é um dos três modelos que a marca comercializa no País – a Brutale 1090 R, uma versão mais “simples”, e a superesportiva F4 1000 são as outras motos à venda nas concessionárias da marca.
Mas como toda moto desenhada por Tamburini, a Brutale merece ser admirada como uma verdadeira obra-de-arte. Nascida como uma moto conceito em 2000, a Brutale tornou-se um ícone entre as nakeds. A começar pelo farol que, como quase todas as peças dessa MV Agusta, é diferente de tudo disponível no mercado. Tão diferente que faltam adjetivos para descrevê-lo. Excêntrico, alongado, parabólico... Passando pelo belo quadro em treliça exposto e a rabeta minimalista, que tem ditado tendências desde então.
Uma superbike nua
A versão RR é, digamos, uma evolução da mítica naked. O novo motor de quatro cilindros em linha tem 1078 cm³ de capacidade, duplo comando de válvulas no cabeçote, válvulas radiais e refrigeração líquida. Produz 144,2 cv de potência máxima a 10.300 rpm e torque máximo de 11,2 kgf.m a 8.100 rpm. Potência suficiente para rodar em alta velocidade – a máxima divulgada é de 265 km/h – e força o bastante para empinar a roda dianteira até mesmo em terceira marcha.
Graças à embreagem deslizante e ao controle de tração com oito níveis de ajuste, toda essa brutalidade está um pouco mais controlável. Um pouco mais. Para as situações de piso molhado, o modelo 1090RR conta ainda com dois mapeamentos do motor: Sport e Rain. Mesmo assim, se você exagerar na dose ao acelerar pode apostar que verá o painel mais de perto, pois em função de sua curta distância entre-eixos e a brutalidade do motor a Brutale empina facilmente.
Mas o que impressiona muito na Brutale 1090 RR são as suspensões e o sistema de freios, ambos dignos de uma superbike. Como tive oportunidade de testar o modelo na pista de Adria, no norte da Itália, posso afirmar que a Brutale em sua versão 1090RR tem quase o desempenho de uma superbike quando exigida ao máximo.
Na dianteira, as suspensões invertidas Marzocchi com tubos de 50 mm e 130 mm de curso são totalmente ajustáveis na compressão, retorno e pré carga da mola. Com um acerto bastante rígido, as suspensões permitem abusar nas curvas em uma pista. Já na traseira, o amortecedor Sachs fixado no belo monobraço cumpre sua função de manter a roda traseira no chão – claro que com a ajuda do controle de tração.
Já os freios, diferenciados na versão RR, contam com mangueiras em malha de aço (aeroquip) e duplo disco flutuante com 320 mm de diâmetro, com pinça do freio monobloco Brembo e fixação radial. Na traseira, disco único de 210 mm de diâmetro com pinça de quatro pistões. Mesmo no uso mais esportivo na pista, não demonstraram fadiga. Pelo contrário, mostraram que são exageradamente potentes para parar a Brutale. Em alguns momentos devido ao baixo peso da moto (190 kg), frenagens mais radicais levantaram a roda traseira.
Para controlar a brutalidade dessa MV Agusta, o piloto vai bem inclinado, quase encaixado ao tanque – desenhado com esse propósito. As pedaleiras recuadas contribuem para a sensação de que você “veste” a Brutale. Mas nada que prejudique o conforto. Seu guidão convencional propicia a natural posição de pilotagem das nakeds. O quadro treliça é feito em aço cromo-molibdênio, garantindo a rigidez e estabilidade necessárias, além de contribuir para o baixo peso do conjunto.
Acabamento impecável
Além do desempenho, outra característica da MV Agusta Brutale 1090RR que chama a atenção é seu acabamento. Desde as manoplas, construídas em um material especial mais macio e com a inscrição MV, passando pelo reservatório do fluído de freio e chegando aos piscas integrados aos retrovisores – aliás, uma exclusividade da Brutale em sua versão RR.
Destaque também para o novo farol, que manteve seu formato arredondado, mas traz agora um sistema com oito LEDs que criou o efeito de “linha luminosa”, característica muito comum em faróis de automóveis.
O painel de instrumentos da 1090RR é compacto, mas traz todas as informações necessárias: indicador de marcha, nível de combustível, velocímetro, botão de emergência, temperatura da água, cronômetro e configuração de mapeamento do sistema de injeção eletrônica.
A rabeta traz a lanterna em LEDs embutida e as alças da garupa incorporadas – uma tendência hoje utilizada pela Honda na linha Hornet e CB1000R. As cores – preta e branca e vermelha e prata – também são de muito bom gosto. Porém, note que nas fotos em ação, clicadas em Adria, apareço pilotando outras cores das versões vendidas na Itália.
Mesmo nacionalizada, já que é montada em Manaus (AM) pela Dafra, a MV Agusta Brutale 1090RR que vai ser vendida aqui cobra por isso. Como consequência de seu alto desempenho e excelente acabamento, a naked custa R$ 64.000,00. Valor acima de suas concorrentes, porém a moto da marca italiana também se coloca acima da média em diversos aspectos. Se o dinheiro estiver sobrando na conta e você busca uma naked exclusiva e com alma de superbike, a Brutale 1090RR é, definitivamente, uma boa opção.
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