Uma pequena grande moto. Parece um pouco maior que uma 250 ou 300. Será uma 400? – Dê a partida e ouça o ronco do motor: um som grave e impressionante que parece vir dos dutos de admissão quando acelera – não é pequena não, parece forte.
São 675 cilindradas ou mais especificamente 674,8 cm3. Tem três cilindros e um ronco inconfundível. O visual é de uma “naked” ou “Streetfighter” toda angulada onde se destacam os grandes faróis duplos. E vendo mais de perto pode-se reparar na qualidade dos materiais empregados. A irmã menor da Speed Triple 1050 também tem chassi de alumínio, rodas de liga leve e fino acabamento em todos os componentes. Os grandes tubos dourados da suspensão dianteira, assim como os faróis chamam bastante atenção.
E saindo com ela já se identifica o forte DNA de uma Triumph. Tem que deslizar um pouco mais a embreagem por causa da primeira marcha longa. É uma característica das motos inglesas ter as marchas um pouco mais longas do que uma moto japonesa, por exemplo. A tendência é maior economia, mas um pouco mais de dificuldade para arrancar. Precisa atenção para não calar o motor, mas em pouco tempo já se acostuma.
Um bom torque em baixa rotação logo se percebe também, porque é fácil alterar as velocidades em uma ampla gama apenas com o acelerador e as rotações ficam sempre em um patamar confortável, seja na cidade ou nas rodovias. Você sempre encontra uma marcha adequada, qualquer que seja a velocidade desejada e a situação do caminho. Ela gosta de movimento e quanto mais rápido melhor.
Nas vias mais abertas ou estradas ela encontra o espaço que precisa para mostrar suas grandes qualidades em termos de dirigibilidade. Isso porque as abas do radiador com as lanternas de pisca ali afixadas e a pouca altura da mesa do guidão impõem largura maior que o normal para esse tipo de moto trafegar no trânsito. Também, e mesmo com o aumento no esterço da direção desse novo modelo, ainda há alguma dificuldade para as manobras mais fechadas.
O piloto se acomoda no assento bastante confortável, levemente inclinado à frente e com as pernas em boa posição, não muito flexionadas, até para longos percursos. Facilita muito a pouca altura do assento na hora de procurar apoio. Os dois pés encontram o chão com facilidade, mesmo para as pessoas de menor estatura e o pouco peso da moto facilita mais ainda o seu manuseio.
Os freios são fortes. Novamente o baixo peso e o ABS de última geração proporcionam muita força de frenagem com movimentos leves nas alavancas de comando e total controle. É bem fácil ajustar a força na manete ou no pedal.
Tecnicamente se percebe grandes qualidades que essa moto compartilha com as outras da marca. O chassi em alumínio que nesse novo modelo recebeu aperfeiçoamentos, há menos peças soldadas de forma que a sua construção ficou mais simples e o resultado é uma estrutura mais estável e que pode suportar mais tensão.
A parte traseira do chassi, parafusável também, é nova e é composta de uma estrutura simulando treliça. Serve de apoio para o assento e lanterna traseira, uma vez que agora o escapamento fica sob o motor, para melhor distribuição de massa.
A geometria do chassi também recebeu mudanças. Agora a inclinação do eixo da direção está um pouco maior e a medida do trail também aumentou.
Resultado é que agora a moto tem um comportamento mais previsível nas situações em que o pavimento não é bom. Porém, ela ainda sente as maiores irregularidades e transmite isso ao piloto. Parte da responsabilidade dessa rispidez aos buracos é o ajuste da suspensão. Um amortecimento bastante duro é responsável por oferecer boa esportividade, apesar de ir um pouco além do desejável nas frenagens mais fortes, quando o garfo abaixa mais do que seria ideal.
Na traseira, o resultado é melhor, inclusive na posição de ajuste mais brando da pré carga da mola traseira (posição #1). Resulta que ela se torna cansativa em longos trechos de piso mal conservado. A parte boa é a esportividade que a moto oferece na tocada, mas para um resultado melhor um sistema de ajuste hidráulico seria adequado como a do modelo “R” disponível apenas no exterior.
Outro ponto forte dessa moto reside no painel, que tem ótima instrumentação em um visual agradável e de fácil leitura.
Conta com todas essas informações: relógio, indicador de intervalo de manutenção, velocímetro digital, cronômetro, indicador de nível de combustível, luz de aviso de ABS que pode ser desligado, luz indicadora do momento de troca de marchas, tacômetro analógico, indicador da marcha em uso, visor de temperatura do líquido de arrefecimento e outras luzes indicadoras necessárias.
Os freios não são os mesmos dos modelos mais sofisticados, que usam a mesma mecânica, como a Daytona e mesmo a Street Triple “R” (não disponível no Brasil). Porém são mais do que suficientes para essa moto. Pinças dianteiras e todo conjunto do ABS são da Nissin e adicionam apenas 1,5 kg ao peso da moto.
Essa mecânica é toda derivada da Daytona 675 e o motor foi adaptado para um uso mais tranquilo. Ainda assim são 85 cv de potência máxima, distribuídos de forma a serem mais bem aproveitados no uso urbano e rodoviário. A maior diferença você percebe na disponibilidade do torque em uma faixa bem mais ampla de rotação do que naDaytona. Mas também, o uso dessa se destina a maior esportividade.
Essa é uma moto Triumph, com todo estigma da marca inglesa e com características únicas. O principal é que esta moto tem o preço mais acessível de todas as Triumph. Uma alternativa dentre a grande variedade que mostra a concorrência intensa dos modelos de 600 a 800 cilindradas. Essa também é uma boa opção.
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