Com as pequenas motos de 150 cilindradas se modernizando através das recém-lançadasHonda CG e Yamaha Fazer, ambas com motor bicombustível, uma pergunta paira no ar: quais as reais vantagens da moto flex?
Já consagrada nos carros brasileiros, a tecnologia ainda não está na maioria dos modelos de motos, mas abrange esta enorme fatia das 150 cc e só tende a crescer. Veja abaixo 10 itens a considerar se estiver pensando em comprar uma.
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O preço do etanol é influenciado pela entressafra da cana-de-açúcar e também pela localização geográfica de zona de plantio e das usinas. Na Região Sudeste, próxima dos maiores centros produtores, o preço costuma ser menor do que em localidades mais distantes.
No posto, o litro do etanol geralmente custará menos que o da gasolina. Porém, assim como para os carros flex, para saber qual combustível é mais vantajoso, é necessário fazer uma continha básica: multiplicar o preço do litro da gasolina por 0,7. O resultado da conta será o valor máximo que deve ser pago pelo litro do etanol.
Por que multiplicar o preço do litro da gasolina por 0,7? É que o álcool tem cerca de 70% do poder calorífico (de queima) da gasolina; ou seja, o poder do etanol é 30% menor que o de sua “rival”.
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É por isso que qualquer motor abastecido com etanol consome mais para percorrer uma mesma distância do que se alimentado com gasolina. Rodando com um mesmo condutor, a mesma moto, em um percurso igual, proporciona menos quilometragem por litro com etanol.
Não existe milagre: ao optar pelo etanol, seu tanque "secará" mais cedo do que se estivesse com gasolina. Sendo assim, além do preço, é necessário considerar também a situação de uso da moto.
Em caso de viagens mais longas, talvez seja preferível optar pela gasolina, para diminuir o número de paradas de reabastecimento -que são sempre mais demoradas para motos-, mesmo que o custo financeiro seja ligeiramente maior. Parando menos, em vez de economizar dinheiro, economiza-se tempo. Caberá a você escolher.
Se o plano for de percorrer longos trajetos, mesmo com clima frio, sem muitas paradas, a temperatura do motor estabilizada e mantida por maior tempo oferecerá a economia que o etanol proporciona, se ele estiver com preço bom.
Se a moto for usada para trajetos curtos e entremeados por paradas de mais de 1 hora, a cada vez que for ligado, o motor vai demorar mais para chegar à temperatura de exercício correta. Com etanol, isso acarretará maior consumo.
Está aí outra diferença entre carros e motos. Enquanto nos carros muitas marcas anunciam que os motores, quando abastecidos com etanol, oferecem maior potência, a análise das fichas técnicas divulgadas pelos fabricantes das motos flex indica que não há vantagem predominante de um ou outro combustível.
Nem Honda nem Yamaha recomendam usar apenas um único combustível no tanque. Pelo fato de não haver, como nos carros, tanquinho de sistema de partida a frio ou equivalente auxiliar de partida, nas motos a recomendação é que, em caso de optar pelo etanol, ele seja misturado a uma parcela de gasolina na proporção indicada no manual do proprietário.
Tal regra deve ser especialmente seguida em regiões de clima mais frio ou no inverno. Se houver apenas etanol no tanque, a partida será mais difícil e o tempo para alcançar a temperatura de exercício ideal do motor, maior. Aliás, se estiver frio, a moto simplesmente não vai deixar você partir, seja por conta de dispositivos eletrônicos, que impedirão rodar enquanto a temperatura do motor não estiver correta, ou pelos “engasgos” que o coitado do bloco geladão vai dar...
Respeitando o que diz o manual, é importante lembrar que usar preferencialmente um ou outro combustível não acarretará grandes diferenças em termos de durabilidade ou desempenho do motor da moto.
Não existe moto bicombustível que não seja dotada da mais atual injeção eletrônica. Ou seja, nada de carburador. Isso é bom ou ruim? Apesar dos mais conservadores não enxergarem grande mérito na injeção em motos ditas utilitárias, uma coisa é certa: trata-se de um sistema que consegue se adaptar de maneira mais uniforme a diferentes qualidades de combustível, algo infelizmente corriqueiro no Brasil.
Por isso mesmo é que, só com injeção, as motos flex podem existir. Um carburador funciona muito bem, é fácil em termos de manutenção, barato e etc, mas, ao envelhecer, perde sua eficácia e exige regulagens cada vez mais constantes. E nunca, nunca mesmo, será capaz de oferecer um funcionamento tão regular a um motor quanto os mais modernos sistemas de injeção eletrônica.
Em tempos de combustível "batizado", tanto faz a gasolina ou o etanol? Nem é bem assim, pois, no caso da gasolina, o tal “batismo”, a adição de líquidos para adulteração do combustível e consequente lucro criminoso, se dá com solventes e porcarias químicas. No caso do etanol, o “batismo” é mais raro, mas existe, feito com a mais inofensiva água, que causa menores danos ao motor de uma moto do que as “melecas” adicionadas na gasolina.
O etanol é um líquido que ataca o metal agressivamente, mas a tecnologia usada nas motos e carros já avançou e, assim, não há o que temer. Sua moto flex não sofrerá maior oxidação do tanque ou escapamento e nem terá dutos do sistema de alimentação mais prejudicados pelo uso do álcool.
O tema é controverso, mas, em princípio, a natureza "agradece" quando motores a combustão interna queimam etanol no lugar de gasolina. Evidentemente, motores bem regulados, usando gasolina, podem ser menos nocivos ao meio ambiente do que um motor mal ajustado abastecido com álcool.
A conclusão é que moto flex, disponível no Brasil e em outros poucos países do planeta, oferece uma inegável vantagem: a possibilidade de escolher o combustível. O importante é saber quando gasolina ou etanol será mais vantajoso, considerando as questões acima.
Como ocorre na indústria automobilística, onde praticamente 100% dos carros mais vendidos no Brasil são flex, a tendência nas motos também é essa: mais e mais modelos incorporarão tal tecnologia, por ora exclusiva dos motores 150 cc e 250 cc.
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